
Dizer que o acaso existe é negar a existência de Deus.
Foi isso que eu aprendi nesses últimos dias.
Hoje é domingo, e agora é 23h55.
Fui deitar depois de um dia cheio de emoções.
Mas quem disse que consegui ficar na cama, com todos aqueles pensamentos, lembranças, sentimentos, rodeando dentro da minha mente e do meu coração.
Não deu outra, liguei o computador e aqui estou.
Isso tudo pra começar a contar uma história, de coincidências que se transformaram num verdadeiro plano divino.
Calma, já explico.
Faz alguns meses que uma nova colega veio para o jornal onde eu trabalho.
Aos poucos fomos ficando amigas.
Certa vez rolou uma situação estranha, por conta de um carinha, mas enfim, a amizade prevaleceu.
Há um mês, mais ou menos, minha irmã que trabalha no hospital conheceu uma colega lá também.
As duas conversavam, e numa dessas conversas essa moça perguntou o sobrenome da minha irmã.
A surpresa foi instantânea.
Ela contou que tinha uma irmã, cujo pai não era o mesmo que o dela, e que o sobrenome dele era o mesmo que o nosso.
Minha irmã contou isso pra minha mãe, e disse que esse homem, era o nosso tio.
Aí perguntei quem era a menina, filha desse nosso tio.
Ah, ela trabalha em tal lugar, uma rádio.
Na hora lembrei da minha nova colega que também trabalha numa rádio, e que tinha um historia parecida, de ser filha de outra pessoa, que não era o mesmo pai da irmã dela.
Liguei pra ela, fiz algumas perguntas, e comecei a rir.
“Menina, nós somos primas!”
Nossa, foi uma alegria e uma surpresa para as duas.
E já naquele momento eu fiquei pensando, como essa menina veio parar lá no jornal, como a irmã dela foi trabalhar lá no hospital, perto da minha irmã?
E mais, isso tudo aconteceu meses depois dela entrar no jornal
Depois de nós já termos ficado amigas, dela já ter vindo lá em casa, conhecido minha mãe, de sairmos juntas pras festas, tudo sem saber que éramos primas.
As emoções continuaram....
Contei que ela tinha quatro irmãos e uma irmã por parte de pai.
Falei um pouco sobre o pai dela, o meu tio.
Levei umas fotos e dei de presente pra ela.
Faltava contar para os meninos, os meus primos.
Como eu ia fazer isso?
Como ia chegar e dizer, olha, o tio teve outra filha, durante uma “escapadinha”,
Era uma situação delicada
Mas como falei no início, dizer que existe acaso, é negar a existência e também a bondade de Deus
Pedi uma luz, uma orientação
Decidi falar com um deles primeiro, aquele que eu achava que receberia a notícia de uma forma mais tranqüila
Liguei antes, disse que precisava conversar com ele pessoalmente
Ele se assustou, é claro, fazia uns 20 anos que não tínhamos mais contato
Desde que o pai dele, meu tio, faleceu, e que meu pai também
Marcamos um dia e fui lá, no seu trabalho
Cara, eu não sabia como começar
Disse que era sobre o tio, e que era uma coisa boa, mas delicada
Aí ele brincou perguntando: O quê, achasse um irmão meu perdido por aí?
Pronto! Foi mais fácil do que eu pensava
“Achei sim, mas é uma irmã”
Os olhos dele brilharam na hora.
Mostrei fotos dela na internet
E ele de cara não teve dúvidas que era sua irmã, pelos traços físicos muito parecidos com as moças da nossa família
Bom, eu tinha feito minha parte
Aí quando estava quase indo embora, ele, espontaneamente, me entregou um cartão com seu telefone e pediu que eu entregasse para sua nova irmã
Fiz isso, mas a menina tava numa insegurança só
Não criava coragem de ligar pra ele
Mas como mais uma vez, o destino deu um empurrãozinho
Uma outra colega minha precisava fazer uma matéria sobre suicídio
E esse meu tio, havia se enforcado, meu primo era uma boa fonte para falar o que uma família sofre quando isso acontece
Ligamos pra ele, respondeu as perguntas e a reportagem ficou linda
Noutra vez, não me lembro, precisava ligar pra ele de novo
Nesse meio tempo, ela ainda não tinha entrado em contato com ele
Daí no meio da conversa ele me pediu pra passar a ligação pra ela
Foi a primeira vez que irmão e irmã se falaram....
Ficaram de combinar um encontro, pra se conhecerem
Mas a danadinha continuava insegura, e eu a compreendo
Não é assim tão fácil se acostumar com a existência de tantas pessoas na sua vida, depois de 20 anos em que sua família era sua irmã, sua avó e algumas tias
A mãe dela também havia falecido, quando ela tinha somente nove anos.
Bem, como ela demorava pra ligar e marcar um encontro, meu primo tomou uma iniciativa
Num gesto muito lindo, mandou flores pra ela no jornal
Nossa, foi maravilhoso
As flores ainda estão lá na casa dela, e ela cuida daquele vaso com um carinho.....
Então, hoje, domingo, foi o dia de conhecer alguns tios, irmãos do pai dela, que também é meu tio,
Que confusão né?
Chegamos lá, tava cheio de gente, me assustei porque ele disse que só ia algumas pessoas
Pra mim foi um pouco tenso, imagino como deve ter sido para ela
Mas depois do almoço e da sobremesa voltamos para sua casa, e como se diz, entre mortos e feridos salvaram-se todos
Só que meus primos não estavam lá
E aquele que eu tinha contado tudo me ligou, convidando para nós duas passarmos na casa dele, no final do dia
Eu não sabia se ela estaria afim
Pois já eram tantas pessoas novas, na casa do tio...
Mas pra minha surpresa ela topou
Fomos,
Ao chegar, um pouco de timidez, uma conversa mais formal, mas logo o amor fraterno já tomou conta da sala
E duas horas depois estávamos os quatro, eu, ela, meu primo e sua esposa, na cozinha tomando uma cervejinha, um café, contando cada um sobre sua vida, sobre seus traumas....rindo muito...
Foi uma verdadeira terapia em família
Até ela, que nunca tinha me contado sobre sua vida familiar, se abriu naquele momento e falou de tudo que passou, da doença de sua mãe, do relacionamento com a irmã, o cunhado....
No fim, parecia que eles já se conheciam há anos, há 20 anos de espera até que o “acaso divino” os colocassem no mesmo caminho.
Eu só tenho a agradecer com tudo isso
Pra mim também foi uma emoção muito boa rever meus primos
Numa noite, depois dessa descoberta, eu lembrei do meu pai, bateu uma saudade....
Pedi a Deus para ver ele mais uma vez, nem que fosse em um sonho...
E naquele dia, na casa do meu primo, ele veio com uma foto, que pegou na casa da mãe dele, minha tia, só pra me mostrar
Eu juro que quase não reconheci aquele homem na foto
De cabelos compridos, jovem, mais magro, rosto muito lindo
“Meu Deus! É o pai!
E meus olhos já se encheram de lágrimas ao mesmo tempo que eu não conseguia parar de rir de alegria de ver ele, numa imagem que eu nunca tinha visto
Lembro dele mais velho, cabelos curtos, mais gordinho, rs
Aquela foto foi o presente que pedi a Deus, a chance de ver o pai mais uma vez
Pois é, aí viemos embora, os dois irmãos combinaram um dia pra ela conhecer os outros irmãos, e eu to aqui, terminando de escrever essa história, com a certeza que tanto meu pai, quanto meu tio, e a mãe dela, arquitetaram tudo isso lá em cima, no céu, com o consentimento de Deus....
E pensaram, quem vamos escolher para servir de ponte para promover esse encontro?
Agora, me sinto como se tivesse cumprido uma missão, me sinto muito recompensada com a foto do pai, de um jeito que eu não o tinha visto, pois nem tinha casado ainda com minha mãe.
Eu não podia ir dormir sem deixar registrado cada detalhe dessa experiência toda...da lição que tirei de tudo isso
Deus existe sim... e está muito mais perto de nós do que imaginamos...
História cheia de emoções...
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