Casamento
O homem é uma criatura sociável.
Ele precisa conviver com outras pessoas pra se desenvolver.
E pra se desenvolver precisa trocar experiências.
E depois, colocar em prática aquilo que aprendeu nessa troca de experiências.
Só que pra isso ele precisa viver em sociedade.
E a sociedade é formada de inúmeras sociedades menores, que são as famílias.
Uma sociedade feliz só existe com famílias felizes.
E as famílias começam com o casamento.
Mas o que é o casamento?
Para muitos, que passaram por relações que terminaram mal, o casamento é um castigo, uma prisão.
Mas quando há amor de verdade entre homem e mulher, o casamento é apenas o resultado natural desse amor.
E ele tem como objetivo o relacionamento sexual, afetivo, e a formação de uma família e de muito companheirismo.
No começo de um casamento, o que predomina é a paixão.
Ela é muito forte e afoga sentimentos mais elevados.
O tempo vai passando.
E a paixão vai perdendo a força e dando lugar ao amor-companheirismo.
Aquele amor que se alegra com a alegria do outro, que fica feliz com a felicidade do outro.
O amor de verdade é um projeto para a vida toda e pra ele durar a vida toda é preciso empenho de duas pessoas, que mesmo tendo algumas afinidades, são diferentes em vários aspectos: biológico, psicológico, cultural, intelectual, emocional.
Tomara Deus que no futuro, reste apenas o amor-companheirismo no seu mais alto grau de evolução: o Amor Universal.
O casamento pode representar para o ser humano estágio de evolução sublime.
Mas só se houver no relacionamento muito respeito e consideração pelo companheiro(a).
Só se houver fidelidade e compromisso, independente de quantos anos estejam juntos.
O casamento na visão espírita
Para o espiritismo o casamento não é fruto de cerimônias.
Para o espiritismo o casamento é assumido perante o altar da consciência, cujo Templo é o Universo.
Ele acontece quando surge o compromisso moral entre marido e esposa.
Se não existe esse compromisso, mesmo sendo casados “no civil ou no religioso”, não há casamento.
A palavra “casar” tem vários significados, mas o que mais “casa” com o termo é “combinar, harmonizar”.
Casar quer dizer também, adaptar-se ou ajustar-se.
Casar é ter os mesmos ideais, as mesmas preocupações, os mesmos sentimentos e as mesmas aspirações.
Então, só existe casamento quando os parceiro(a)s combinam, quando estão em harmonia.
Claro que o casamento civil, aquele registrado no cartório, é um dever que deve ser cumprido também por nós espíritas.
Devemos fazer isso, para que a união seja reconhecida perante as leis vigentes da nossa sociedade e também para garantir direitos e deveres do marido e da esposa.
Se a humanidade fosse mais evoluída essas e muitas outras leis não seriam necessárias, bastariam as leis de Deus, regidas por nossa consciência.
Mas por enquanto ainda precisamos do amparo das leis humanas.
Casar não é só quando entramos na igreja, ou no cartório, ou quando apenas juntamos as escovas de dente.
Casar é tarefa para todo dia. É no dia-a-dia que alcançamos a comunhão espiritual profunda e a integração total com o companheiro(a).
A separação na visão espírita
O espiritismo não é contra as separações.
O casal que já não tem mais sentimentos um pelo outro, não deve manter o convívio.
Isso pode trazer males bem piores do que a separação.
Nesses casos, a separação verdadeira já aconteceu. Que é a separação de seus sentimentos.
E a separação de corpos será apenas uma oficialização para a sociedade.
Tipos de casamentos na concepção espírita
Casual – Quando é o primeiro encontro de duas pessoas, que nunca haviam se encontrado em outras encarnações.
Alguns conseguem levar uma vida satisfatória juntos.
Outros não se adaptam, não suportam as desavenças e se separam. Em outra encarnação, se encontram para se reconciliar.
Provatório – Ocorre quando há o reencontro de espíritos que estão em diferentes graus de adiantamento espiritual, e que se desentenderam em outras vidas.
Por isso, voltam a encarnar para superar as provas a que forem submetidos, e para progredirem.
Expiatório – Também é chamado de casamento de resgate. Nesse caso, marido e mulher erraram muito em vidas anteriores. Reencarnaram então em um novo lar para corrigir esses erros.
Sacrificial – É quando um espírito mais evoluído se une com outro menos evoluído para ajuda-lo a progredir.
União de afins – O melhor e mais desejado por todos! Acontece na união de dois espíritos evoluídos, que possuem sentimentos elevados, e que se amam verdadeiramente.
Os dois corações são cheios de afeto, e tem os mesmos objetivos supremos para juntos se adiantarem espiritualmente.
Não importa em qual casamento passamos, em qual estamos ou em qual vamos passar.
O que importa é que não existe o acaso, ninguém está sob o mesmo teto por sorte ou azar.
As pessoas da nossa família apontam nossas falhas e nos ajudam a corrigir os nossos desvios de conduta.
Deus permite que os espíritos que noutra vida tiveram desavenças, se encontrem nesta vida, em família.
Assim, um servirá de prova para o adiantamento do outro.
Os bons terão campo de trabalho.
Os maus se melhorarão aos poucos, recebendo os cuidados que precisam para melhorar seu caráter.
É assim que Deus age para fazer desaparecer as antipatias entre nós.
É como a mãe que deixa os dois filhos briguentos, sozinhos num quarto, até que se entendam.
Assim Deus faz conosco.
Coloca marido e mulher para juntos se curarem de seus defeitos morais.
Enquanto não forem “curados”, as brigas vão continuar e os espíritos pouco evoluídos vão conseguir atuar com facilidade sobre essa família, prejudicando a educação dos filhos e incentivando as separações.
Como preservar o casamento
Entendamos como preservar quando existe amor e não pura e simplesmente para manter aparências.
Mesmos os casamentos de provação não precisam ser só de dores.
Deus não quer ver a gente sofrendo infinitamente.
Se estamos num relacionamento provatório, é para desenvolvermos o perdão, a compreensão, a paciência...
Não é para viver brigando igual cão e gato.
Cuidar do amor é como cuidar de um jardim.
É preciso regar de vez em quando.
Tirar as ervas daninhas.
É preciso praticar a caridade no lar para manter a harmonia do casamento.
A meditação, a oração em conjunto, a procura em fazer o bem, também ajudam.
Vamos procurar compreender o companheiro(a) sem o vinagre da crítica.
Se ele foi grosseiro conosco, tentemos compreender que passa por algum conflito, assim não ficaremos magoados.
Vamos aceitar o companheiro(a) como ele é.
Cada ser humano está numa faixa de evolução.
Não podemos exigir de alguém mais do que pode dar.
Além disso, ninguém é totalmente mau.
Vamos identificar também as qualidades das pessoas.
Vamos prestar atenção em nosso companheiro(a).
Quando não há interesse em dialogar, logo o afeto acaba.
Vamos aprender a ouvir o que diz nosso parceiro(a) e a reconhecer quando ele está com a razão.
Vamos manter a educação e o respeito para não cairmos nos caminhos da agressividade, que deixa todos nervosos e infelizes.
Vamos demonstrar carinho com mais freqüência.
Vamos ensinar nossos filhos, desde pequenos a abraçar, beijar, acariciar, elogiar...
O toque, o afeto também curam muitos males.
Ensine seus filhos desde pequenos, para que quando sejam adultos não tenham receio de te dar um abraço e de dizer o quanto te amam.
Diga ao teu companheiro(a) o quanto você o ama.
Mas, mais importante do que dizer, é demonstrar através de atitudes.
De nada adiantam palavras bonitas, se depois você fere com ações
Não cobiçar a mulher (ou o homem) do próximo(a)
Quando Jesus disse, Não separeis na terra o que Deus uniu nos céus, ele falava do casamento firmado de coração para coração.
E quando esse casamento tem como base o amor puro e verdadeiro, ninguém poderá interferir para separar essa união.
Por isso, quando a gente vê um casal feliz, é natural desejar para nós aquela felicidade.
O que não devemos desejar, é estar com um daquele casal, para conseguir sentir essa felicidade.
Não podemos desejar como nosso companheiro(a) uma pessoa que já encontrou a felicidade com outra pessoa.
A felicidade existe para aquelas almas, porque elas se completam.
Se elas ficassem com outras pessoas, essa harmonia já não seria a mesma e a felicidade também seria menor.
Precisamos entender que para ter a felicidade igual àquele casal, não precisamos destruir a união deles.
Precisamos apenas alcançar o mesmo nível de harmonia, encontrando alguém que também nos complete.