Domingo. Final de tarde.
Volto de uma entrevista para uma matéria sobre o perfil de um artista riossulense.
Lembro que é dia de apresentação do Sonora Brasi, do Sesc.
Como o tema é o violão, mudei o trajeto e ao invés de ir para casa fui lá conferir.
Ao chegar, juro que pensei que era muito cedo, ou que não iria ter mais.
O estacionamento estava vazio. Apenas duas pessoas da organização aguardavam o público, que “infelizmente” não compareceu.
Isso me deixa triste e lembro nessa hora de um amigo que não acredita mais na evolução moral da humanidade.
Daí penso: hoje tem futebol na televisão.
Que importa! Eu estava lá e adoro violão.
Só sinto pelos dois convidados do projeto. Sei como eles se sentiram ao ver a sala com apenas cinco adultos e duas crianças.
Mesmo assim, foi muito bom! Fizemos perguntas, conversamos, enfim, houve um contato maior entre artistas e espectadores.
Lamento por aqueles que não sabem o quanto a arte faz bem ao ser humano.
Ao ouvir os primeiros sons da dupla, Salomão Habib e Fabrício Mattos, um do norte e outro do sul, respirei fundo a melodia entoada pelas mãos desses dois excelentes violonistas.
Em alguns momentos fechei os olhos para sentir a música dentro da minha alma.
E como são bons estes instantes. Parece que nos transportamos para outra dimensão, e dependendo do estilo, para outras épocas.
Os dois foram além do protocolo combinado. Falaram sobre suas vidas, de quando começaram a tocar.
Eles até executaram obras solicitadas por nós!
Falaram sobre o instrumento.
Mostraram algumas técnicas usadas para obter diferentes “timbres” do violão.
Habib nos deixou de queixo caído ao tocar samba no violão. Com um detalhe. Ele produziu o som de vários instrumentos como cuíca, surdo, entre outros, e ao mesmo tempo, como se fosse um ensaio de uma escola de samba. Segurei meus pés, pois já estava querendo levantar pra dançar.
E mesmo sendo aplaudidos por apenas cinco pessoas, eles tocaram com emoção, como se fosse para um público de centenas de pessoas.
A experiência, o dom, os estudos, de nada adiantariam, se naquele momento eles deixassem o ego falar mais alto, e resolvessem se negar a fazer o melhor.
E nós agradecemos. Agradecemos pelo final de tarde maravilhoso que passamos, ouvindo harmonias belíssimas, extraídas dos violões, por dois seres iluminados.
Cada nota, cada dedilhado, cada ritmo, cada movimento, eram absorvidos e gravados. Foi como alimentar o espírito com o mais puro mel.
Quando saí, fiquei pensando que gostaria de comprar o CD deles, mas lembrei que o dinheiro que eu tinha na carteira, já tinha destino e não poderia gasta-lo. Me senti frustrada.
Como por telepatia, Fabrício, o mais jovem da dupla, me deu um de presente.
Pronto!
Saí de lá realizada.
E nem dei bola para a confusão que se formava nas ruas da cidade para a carreata do flamengo, que pelo jeito ganhou o jogo.
Só queria saber de chegar em casa, ouvir o CD e escrever o que tinha vivenciado naquelas últimas duas horas.
Nada contra futebol, festa, bebida. Também sou humana.
Mas...., a arte é algo que nos transforma. Eu não consigo nem mesmo definir o que sinto. Não é que faltem palavras. Pelo contrário, elas se debatem para serem escolhidas. Todos os verbos, adjetivos, substantivos querem participar da construção de um texto sobre algo importante como a arte.
O que posso dizer? Que Deus continue inspirando todos os homens a desenvolverem seus dons em benefício da própria humanidade, seja qual for a área de sua atuação.
domingo, 6 de dezembro de 2009
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