• As religiões foram grandes formadoras de fanáticos, muito mais que a política.
• A palavra fanatismo vem do latim “fanaticus”, que vem de “fanum”, “templo”, e que significa “aquele que era o possuído pelo deus”.
• Assim, fanatismo é a obediência cega à um deus ou a uma idéia.
• É um zelo exagerado por esta idéia até chegar ao ponto de usar a violência para obrigar os outros a seguir essa ideia e de punir quem não está disposto a aceitá-la.
• A conseqüência do fanatismo religioso é a prisão da consciência.
• Ou seja, é uma prisão do pensamento, que torna o homem escravo de idéias únicas,
• que impede a expansão de sua alma através do uso da razão.
• O fanático é o contrário do herói e do entusiasta.
• O herói e o entusiasta lutam por uma causa justa.
• O fanático assume uma atitude de intolerância contra as idéias dos outros.
• O herói e o entusiasta podem até morrer, se necessário, pela causa que defendem.
• O fanático gosta dos meios violentos e cruéis para defender sua causa.
• Os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, onde homens se transformaram em bombas sugere uma pergunta:
• O que estava por trás daquilo?
• Não seria o fanatismo religioso?
• Se um líder faz a cabeça de um fanático, dizendo que se ele praticar um ato suicida irá imediatamente para céu depois de sua morte, a ordem será colocada em prática.
Fanatismo espírita
• E nós Espíritas? Estamos livres de sermos fanáticos pelo espiritismo?
• O fanatismo é resultado geralmente dos dogmas, mistérios.
• Da crença numa verdade ou num sistema de verdades
• Verdades que depois de aceitas, não podem ser contestadas
• Será que o espírita também não está sendo fanático sem perceber?
• Por exemplo:
• Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, fala dos médiuns que só querem receber um único Espírito
• Fala dos que não aceitam críticas em suas mensagens
• Daqueles que só querem pensar pela própria cabeça.
• Diz também que as idéias fixas são as causas da obsessão e da fascinação
• Precisamos prestar atenção em nossas ações.
• Quantas vezes queremos impor nossas idéias ao grupo que freqüentamos?
• Temos que lembrar do provérbio "Todo o excesso é prejudicial".
• Vamos seguir o conselho do filósofo Aristóteles e procurar sempre um meio termo
Os tipos de fanatismos
• Fanatismo não acontece somente na religião, mas também em outras esferas da organização social
• Emil Cioran disse: "O diabo empalidece comparado a quem dispõe de uma única verdade"
• O indivíduo fanático é o escravo de um senhor absoluto
• Este senhor pode ser uma divindade, um líder humano, uma causa suprema ou uma fé cega.
• O fanatismo é alimentado por um sistema de crenças absolutas e irracionais
• Crenças que visam servir à um ser poderoso empenhado na luta contra o Mal.
• Ou seja, o fanático acha que pode exorcizar pessoas e coisas supostamente possuídas pelo demônio
• Acha que precisa "combater as forças do Mal" ou "salvar a humanidade"
• Apesar da origem do fanatismo estar na religião, ele não se restringe apenas a esse campo
• Existe fanatismo por uma raça, por um time de futebol, por um partido político, por ideologias revolucionárias que extrapolam a razão.
• Foi o fanatismo que gerou a histeria coletiva da "caça as bruxas", a perseguição aos negros, aos índios, aos comunistas, homossexuais, prostitutas.
• Precisamos admitir que a história da humanidade é também a história dos vários fanatismos que dominam grupos humanos, e que sempre trazem conseqüências trágicas.
• Esse pedaço da história da humanidade nos causa vergonha, medo e nos alerta para possíveis efeitos negativos no futuro da civilização.
• Há fanatismo entre crentes de todo o tipo, do menos ao mais irracional. Para o fanático religioso, não basta adorar um Deus visto como Senhor absoluto
• É necessário ser soldado dele na terra, lutar pela causa superior,
• É preciso pregar, exorcizar, forçar os "infiéis" ou "divergentes" à conversão absoluta, à qualquer preço.
• O fanático está sempre disposto a dar provas do quanto sua causa suprema vale mais do que sua vida ou a vida de sua família, ou da humanidade.
• Ele mata por uma idéia e também morre por ela.
Os sintomas do fanatismo
• Os sintomas do fanatismo em grupo são:
• orações, privações, peregrinações, jejum, discursos engessados e martírios, que podem terminar com o sacrifício da própria vida para “salvar” o mundo das "trevas" ou daquilo que o fanático entende ser "o mal".
• O fanático não fala, faz discursos prontos
• Sua pregação pode se tornar agressiva com a desculpa de ser a "ira de Deus" ou "a inevitável marcha da história" ou, ainda, a suposta "superioridade de uns sobre os demais".
• O fanático não gosta do diálogo porque ele incentivaria o uso da razão no outro
• Por isso só faz discursos, onde só ele fala
• Em suas idéias todos nós somos meros objetos de um desejo divino
• Os textos sagrados são levados ao pé da letra e infelizmente servem de base "teórica" para os discursos
• Com esse modo de entender o evangelho, o fanático acredita que é o dono da verdade
• Ele não permite que sejam levantadas dúvidas, ou que haja confronto com outras idéias ou outras formas de interpretação
• O fanático tem certeza e isso basta pra ele.
• O problema da religião é a falta de questionamento sobre no que e porque se tem "fé"
• Também não há questionamento nos métodos usados pelas religiões
• Na maioria das vezes o método é uma certeza divulgada em forma de monólogo
• Nunca há diálogo ou debate de idéias.
• O pastor, padre, rabino, ou qualquer pregador de rua, acreditam que "vale tudo" para difundir a "verdade única" que o tocou e o transformou para sempre!
• O fanático usa e abusa do discurso monológico delirante,
• mas jamais permitem escutar, não permitem o diálogo porque ele faria aparecer a verdade
• Nietzsche dizia que "as convicções são piores inimigas da verdade do que as mentiras",
• porque quem mente sabe que está mentindo, mas quem está convicto não se dá conta do seu engano.
• Quando algumas idéias se tornam “verdades absolutas” as pessoas param de usar o raciocínio crítico e se transformam em escravos dessas idéias.
• Depois disso, a pessoa fará qualquer coisa para salvar essas idéias
• Elas se tornam uma muleta existencial, algo para servir como significado para suas vidas sem sentido
• E isso não acontece só na religião, mas também na política, filosofia, ciência.
• Outro sinal de fanatismo é quando alguém quer impor uma "verdade".
• Usam slogans como "O único Deus é Allah", "só Cristo salva", "somos o Bem contra o Mal", "Em nome do Senhor Jesus eu ordeno..."
• Essas expressões são respostas prontas para qualquer emergência, usadas pelos fanáticos.
• São idéias tirânicas que excluem outras visões, outros modos de crer e pensar
• Acontece a mesma coisa com os fanáticos de uma torcida, de um partido político, de uma raça
• Todos acham que sua “verdade” tem que ser imposta aos outros
• Mais um sinal de fanatismo é quando a pessoa coloca a causa “suprema” acima da vida dela e da vida dos outros.
• Ou então, quando a pessoa ou o grupo se isola, fica longe da família e dos amigos
• Adotam modos de viver igual ao do grupo fanático
• Se vestem da mesma forma, cortam os cabelos igual
• Falam igual
• Comem igual
• Usam os mesmos discursos, gestos, postura e atitudes
• Criticam aqueles que se recusam a seguir essas regras impostas.
• Ao entrar para um grupo de fanáticos é preciso renunciar: pai, mãe, filhos, amigos, o lugar onde viveu, o trabalho
• Ou seja, os membros são instruídos a destruir qualquer vestígio da vida anterior
• Eles precisam “renascer” para uma outra vida
• O fanático também perde o respeito e a humanidade para com quem é diferente
• Tudo em nome de causa “maior”
• O psicólogo francês, Abgrael, resume o método de doutrinação fanática em 3 etapas:
• 1o) sedução das pessoas para a "causa";
• 2o) destruição da antiga personalidade, eliminação dos elos familiares, sociais e profissionais
• 3o) construção de uma nova personalidade "renascida" ou "renovada", de acordo com o modelo e as regras da seita.
• Geralmente nessa passagem da vida “normal” para a vida "renovada", há um ritual, um tipo de batismo
• A pessoa recebe um novo nome, novos hábitos, e é apresentada a uma nova "família".
• A sensação de fazer parte de um grupo "de irmãos" ou "de luta pela causa" é como estar apaixonado
• Há uma sensação maravilhosa, tudo começa a fazer sentido na vida
• A pessoa se sente acolhida e imensamente alegre
• O indivíduo passa a se ver de modo especial
• Começa a se achar diferente dos demais
• A achar que precisa realizar uma missão elevada
• Fica cheio de um sentimento que Freud chama de "sentimento oceânico".
• Imagine uma pessoa desesperada, desgarrada de seu grupo social
• Uma pessoa cuja vida perdeu o sentido
• Ao ser acolhida em um grupo fanático, ela recebe mensagens confortadoras do tipo: "nós amamos você", "você é muito importante para o projeto de Deus", "você faz parte de nossa vida", "Deus te ama",
• É esse sentimento de ser amado que leva a pessoa infeliz para o fanatismo
• Uma das estratégias para atrair as pessoas são os programas de TV exibidos durante as madrugadas, cujo público alvo são os solitários e depressivos.
• Aqueles que estão desesperados se sentem acolhidos com as palavras mágicas
• Logo eles ficam maravilhados pela ilusão de uma nova vida e por uma falsa felicidade, num grupo onde o fanatismo os deixa cegos.
Todo fanático é intolerante
• O fanatismo é a intolerância extrema para com os diferentes.
• Um evangélico fanático é incapaz de dialogar com respeito com um católico ou um budista.
• Um fanático de direita não quer diálogo com os de esquerda.
• Organizações como a Ku Klux Klan são intolerantes igualmente com negros adultos, mulheres e crianças.
• O fanático desrespeita, desconsidera, é intolerante quanto ao modo de ser, pensar e agir do outro
• Ele deseja dominar o mundo com sua crença
• O "fanático terrorista" deseja destruir a estrutura de sustentação do inimigo
• Há então intolerância religiosa, cultural e racial
• O que move o fanático não é o amor, mas o ódio e a intolerância.
• Ele deseja eliminar todos os que atrapalham o seu ideal de sociedade.
• Além dos terroristas muçulmanos, também são fanáticos os fundamentalistas cristãos norte-americanos, que atacam clínicas de abortos, perseguem homossexuais, proíbem o ensino da teoria da evolução de Darwin,
• Também são fanáticos os protestantes da Irlanda do Norte que atacam crianças católicas
• Personagens como Hitler, Bush, Sharon, os suicidas do Oriente Médio, entre outros, se sentem como “o escolhido” para cumprir uma especial missão
• Hitler disse que "as lágrimas da guerra preparariam as colheitas do mundo futuro".
Fanáticos e suicidas são mal humorados
• O fanatismo é como uma doença contagiosa, porque atrai geralmente pessoas em crise profunda na vida pessoal.
• Fanáticos e suicidas tem em comum a falta de humor e o desapego pela própria vida.
• A certeza cega por uma idéia tira o bom humor deles e eles seguem para um caminho de sacrifício místico.
• O escritor e pacifista Amós Oz diz que "nunca vi um fanático bem-humorado, nem alguém bem-humorado se tornar fanático".
• O fanática jamais pensa ser fanático, assim como o alcoólatra jamais pensa ser dependente do álcool.
• Precisamos ficar atentos para resistir aos apelos do fanatismo
• Ele é como uma erva daninha, não escolhe lugar para crescer e se espalhar
Fanatismo como doença
• O fanatismo pode ser uma fuga da realidade.
• A crença cega aparece como loucura quando o fanático se manifesta em determinados momentos
• Fora isso, ele parecerá um sujeito normal.
• Só que de uma hora para outra pode explodir
• No terrorismo, os inocentes devem pagar pelos inimigos;
• A destruição deve ser a única linguagem possível
• O fanatismo parece surgir de uma mente psicótica.
• Só o fato da pessoa achar que é o único que tem a certeza absoluta, que foi escolhido por Deus para uma missão, só isso já é sintoma para que os psiquiatras identifiquem como loucura ou psicose
• Os fanáticos que mataram os judeus por ordem de Hitler não se consideravam culpados, não sentiram remorso pelo extermínio.
• Goering, homem de confiança de Hitler, nunca se considerou criminoso
• O fanático dá uma "razão cínica" para seus crimes: a culpa pelas mortes era dos próprios judeus
• Pela lógica do fanático, ele está apenas cumprindo uma ordem divina
• Então a responsabilidade pelos seus atos não é dele: É "obra do Senhor"
• "o Senhor quer que eu faça", "foi a mão de Allah"
• O mundo do fanático é dividido entre "os eleitos" e os que continuam nas trevas
• Quem está nas trevas precisa ser salvo ou ser combatido por todos os meios porque "são forças do mal".
Como prevenir o fanatismo
• Freud era um pensador evolucionista e fundou a psicanálise
• Ele dizia que só quando a civilização tivesse maturidade psíquica é que ficaria livre dos mecanismos da religião
• Ele afirmava que as religiões alienam a mente das pessoas
• Dizia que elas arrastam as pessoas para um delírio em massa.
• Por isso a necessidade do homem acordar para a realidade
• De fortalecer sua inteligência através do estudo científico
• Para Freud, a religião não fez e nem faz as pessoas felizes
• Ela dá uma ilusão de felicidade
• Claro que tem o poder de controlar os impulsos primitivos
• E também proporciona alguma direção moral
• Só que esse controle vai além do necessário porque reprime o potencial criativo ou o prazer verdadeiro das pessoas.
• O escritor pacifista Amós Oz, sugeriu a criação de escolas em todo o mundo com a disciplina "fanatismo comparado".
• Essa disciplina serviria para entender os fanatismos religiosos, nacionalistas, racial, político, esportivo
• E também aqueles que passam despercebidos como os fanáticos que são contra o cigarro, que poderiam queimar os que fumam,
• os fanáticos "vegetarianos" que comeriam vivo quem come carne
• fanáticos "ecologistas" que preferem salvar as baleias do que salvar as pessoas famintas
• e por aí vai...
• Ter uma disciplina que explicasse o que é fanatismo seria uma forma de prevenir o contágio social dessa doença
• Até os que são contra o fanatismo podem se tornar fanáticos por essa causa
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário