Nesta semana fiz uma matéria para a Folha do Alto Vale. Foi no assentamento do MST, em Taió. E se estou escrevendo sobre isso agora, às 23h30, do mesmo dia, é porque o que vi me tirou o sono.
Já fui agricultora e sei o quanto é difícil a vida na roça. Mais difícil ainda sem qualquer tipo de estrutura para melhorar a vida e para facilitar o trabalho duro que é o de cultivar a terra. Lá eles não têm energia elétrica, estrada é horrível, o ônibus escolar não vai até o assentamento e mais de 30 crianças ficaram sem ir para a escola no ano passado, e pelo jeito vão ficar mais um ano sem aula. Na minha opinião isso é um crime!
O lugar é longe pra caramba. Achei que não chegaríamos mais, ou que estávamos perdidos.
Eles não tem maquinário para preparar a terra ou outros instrumentos necessários. Também não vi cavalos, arados, plantadeiras. É tudo na base da enxada e do braço. Não há água encanada, nem destino correto para o esgoto. As casas, se é que se pode chamar de casas, são feitas com lona preta, que em dias de sol quente, são como um inferninho particular. Em dias de temporal, não protegem nada.
Eu olhava aquelas crianças e meu peito doía. Depois, já de volta a Rio do Sul, ouvi a opinião de uma pessoa. Alguém de vasto conhecimento e cultura, que disse ser contra o MST. Lhe perguntei porque e me respondeu que não. “São todos uns vadios. Gente que não sabe trabalhar para conquistar o que é seu e roubam propriedades dos outros. Já pensou virem lá em casa e se apossarem do meu quintal? São bem capazes de fazerem isso”.
Eu respondi: Mas eu fui até lá e vi a situação. São agricultores. Estão plantando alimentos em uma propriedade que antes só servia para especulação imobiliária. Claro que existem exceções, pessoas mal intencionadas no meio da maioria. Mas não podemos jogar fora todas as maçãs de uma cesta por causa de uma ou duas que estão podres.
Pois bem. Não sei se essa pessoa tão culta já pegou no cabo de uma enxada. Se já acordou às 6h para cuidar da criação, plantar, capinar, colher, suar, suar muito, ficar doente pelos agrotóxicos, pelo excesso de esforço físico. Ou se já viu toda a plantação sendo destruída por uma chuva de granizo. Creio que não.
Ela nem imagina o que eu vi. Não se importa com aquelas pessoas vivendo naquelas condições. Ela está em sua bela casa, rodeada de seus tesouros. Será que as famílias que moram no assentamento gostam de viver em barracos de lona, sem luz, água, segurança e talvez sem alimento?
É bem como nosso querido amigo Jesus dizia: “De nada adianta todo conhecimento do mundo sem amor, pois sem amor eu nada serei”.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
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