sábado, 12 de dezembro de 2009

Me encontrando


Chega um momento em nossas vidas que não dá mais para enganarmos a nós mesmos
As circunstâncias estão sempre nos mostrando aquilo que na maioria das vezes não queremos ver
Pois bem
Chegou a hora de admitir:
Eu não quero me casar
Não quero um marido
Não quero cuidar de uma casa
Não quero ter filhos
Não quero ter que cuidar de uma família
Não quero ter que me preocupar com a limpeza, a comida, a roupa,
Não quero, não quero, e tenho todo o direito de não querer
E durante anos achei que era isso que eu queria
Mas era o que aprendi que deveria querer
Mas essa não sou eu
Eu tentei, duas vezes, mas foi um desastre
Essa realmente não sou eu
Eu sou livre!
Eu gosto de ser livre
E sabe o que eu quero de verdade?
Conhecer alguém que me deixe continuar assim, livre
Alguém que me ame, mas que não me prenda
Que seja livre também, mas que seja fiel, assim como eu
Quero namorar, namorar, namorar, mas agora, quero com um só
E não como antes, experimentando, apenas experimentando
Relacionamentos atrás de relacionamento
Um tal de começa e termina sem fim
Agora não
Quero um amor tranqüilo, sereno e duradouro
Mas como disse, livre
Onde apenas o sentimento um pelo outro seja o verdadeiro compromisso
E que esse sentimento esteja sempre na mente e no coração
Nas horas de tentações
E que seja esse sentimento o motivo maior para não haver traições
E não uma convenção de que “sou casado”

domingo, 6 de dezembro de 2009

Uma tarde especial

Domingo. Final de tarde.
Volto de uma entrevista para uma matéria sobre o perfil de um artista riossulense.
Lembro que é dia de apresentação do Sonora Brasi, do Sesc.
Como o tema é o violão, mudei o trajeto e ao invés de ir para casa fui lá conferir.
Ao chegar, juro que pensei que era muito cedo, ou que não iria ter mais.
O estacionamento estava vazio. Apenas duas pessoas da organização aguardavam o público, que “infelizmente” não compareceu.
Isso me deixa triste e lembro nessa hora de um amigo que não acredita mais na evolução moral da humanidade.
Daí penso: hoje tem futebol na televisão.
Que importa! Eu estava lá e adoro violão.
Só sinto pelos dois convidados do projeto. Sei como eles se sentiram ao ver a sala com apenas cinco adultos e duas crianças.
Mesmo assim, foi muito bom! Fizemos perguntas, conversamos, enfim, houve um contato maior entre artistas e espectadores.
Lamento por aqueles que não sabem o quanto a arte faz bem ao ser humano.
Ao ouvir os primeiros sons da dupla, Salomão Habib e Fabrício Mattos, um do norte e outro do sul, respirei fundo a melodia entoada pelas mãos desses dois excelentes violonistas.
Em alguns momentos fechei os olhos para sentir a música dentro da minha alma.
E como são bons estes instantes. Parece que nos transportamos para outra dimensão, e dependendo do estilo, para outras épocas.
Os dois foram além do protocolo combinado. Falaram sobre suas vidas, de quando começaram a tocar.
Eles até executaram obras solicitadas por nós!
Falaram sobre o instrumento.
Mostraram algumas técnicas usadas para obter diferentes “timbres” do violão.
Habib nos deixou de queixo caído ao tocar samba no violão. Com um detalhe. Ele produziu o som de vários instrumentos como cuíca, surdo, entre outros, e ao mesmo tempo, como se fosse um ensaio de uma escola de samba. Segurei meus pés, pois já estava querendo levantar pra dançar.
E mesmo sendo aplaudidos por apenas cinco pessoas, eles tocaram com emoção, como se fosse para um público de centenas de pessoas.
A experiência, o dom, os estudos, de nada adiantariam, se naquele momento eles deixassem o ego falar mais alto, e resolvessem se negar a fazer o melhor.
E nós agradecemos. Agradecemos pelo final de tarde maravilhoso que passamos, ouvindo harmonias belíssimas, extraídas dos violões, por dois seres iluminados.
Cada nota, cada dedilhado, cada ritmo, cada movimento, eram absorvidos e gravados. Foi como alimentar o espírito com o mais puro mel.
Quando saí, fiquei pensando que gostaria de comprar o CD deles, mas lembrei que o dinheiro que eu tinha na carteira, já tinha destino e não poderia gasta-lo. Me senti frustrada.
Como por telepatia, Fabrício, o mais jovem da dupla, me deu um de presente.
Pronto!
Saí de lá realizada.
E nem dei bola para a confusão que se formava nas ruas da cidade para a carreata do flamengo, que pelo jeito ganhou o jogo.
Só queria saber de chegar em casa, ouvir o CD e escrever o que tinha vivenciado naquelas últimas duas horas.
Nada contra futebol, festa, bebida. Também sou humana.
Mas...., a arte é algo que nos transforma. Eu não consigo nem mesmo definir o que sinto. Não é que faltem palavras. Pelo contrário, elas se debatem para serem escolhidas. Todos os verbos, adjetivos, substantivos querem participar da construção de um texto sobre algo importante como a arte.
O que posso dizer? Que Deus continue inspirando todos os homens a desenvolverem seus dons em benefício da própria humanidade, seja qual for a área de sua atuação.